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Apresentação

 

O NEMESIS (Núcleo de Estudos e Modelos Espaciais Sistêmicos) é patrocinado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), no âmbito do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX).

O objetivo do Nemesis é a modelagem (no sentido conceitual, matemático ou econométrico) dos processos demográficos, econômicos e ecológicos no Brasil, explicitando suas inter-relações espaciais, em sentido lato. Os objetivos são analisar padrões geográficos de ocupação do território, suas conseqüências ambientais e, sobretudo, avaliar impactos espaciais de políticas governamentais.

Pelas dimensões continentais do território nacional, sua diversidade geográfica e disparidades socioeconômicas, a análise do processo de desenvolvimento brasileiro carece de perspectiva espacial sistêmica, ou seja, que relacione a dinâmica do agregado aos padrões de interação espacial das unidades e instâncias político-administrativas ou geográficas desagregadas.

A articulação teórica das pesquisas está na consideração explícita dos processos espaciais de interação, dispersão, difusão ou deslocamento, bem como dos custos de comunicação, migração, transmissão ou transporte inerentes a esses processos. A operacionalização desses conceitos é feita através de atributos como localização, distância, acessibilidade e vizinhança que não se definem em sentido geográfico estrito.

Nas ciências sociais, a preocupação teórica com a dimensão espacial tem longa tradição. Recentemente, contudo, houve um verdadeiro renascimento da “geografia econômica” com raízes nas mais diversas áreas do conhecimento científico. Na análise econômica, redescobriu-se os rendimentos crescentes, economias de aglomeração e escala que se contrapõem aos custos de transporte na geração de disparidades espaciais.

Cruzando as fronteiras disciplinares, destaca-se a tomada de consciência do agravamento dos problemas ecológicos que emergiu do próprio reconhecimento dos condicionantes espaciais dos processos sociais e ambientais: poluição e degradação ambiental são conceitos referidos à densidade espacial de estoques ou fluxos de recursos naturais.

Essa tomada de consciência ecológica é, por sua vez, um aspecto da tendência à fragmentação geográfica dos interesses sociais e poder político que, umbilicalmente, se associa ao processo de globalização das relações econômicas, sociais e culturais. Exemplos óbvios no caso brasileiro são os avanços recentes do federalismo e municipalismo, por um lado, e da liberalização e integração internacional, por outro. Nesse contexto, a geração de indicadores, a análise da alocação e a distribuição espacial de recursos econômicos e naturais emergem como tema prioritário da agenda científica e política.

Por fim, inovações das técnicas computacionais e estatísticas, particularmente o desenvolvimento do sensoriamento remoto e dos SIG - Sistemas de Informações Geográficas, bem como da estatística de dados espaciais fertilizaram-se mutuamente para tornar possível um tratamento mais rigoroso e eficiente dos dados espacialmente referenciados (observações quantitativas associadas com pontos ou áreas em mapas).

Empiricamente, as pesquisas articulam-se pelas bases de dados em nível estadual e municipal que, de forma sistemática e comparável no tempo, integrarão informações georreferenciadas obtidas de SIG e dados tabulares socioeconômicos disponíveis para esses níveis de agregação espacial. Incorporar os Censos Demográfico de 1991 e Agropecuário de 1996 são tarefas prioritárias. Posteriormente, pretende-se construir sistemas de informação em níveis espaciais ou administrativos mais desagregados (e.g. setores censitários).

As linhas de pesquisa mostram, de forma substantiva, que o núcleo se articula em torno de problemas relevantes e apresenta proposta inovadora e factível em termos de fontes de dados e dos métodos analíticos e estatísticos.

Destaca-se, além disso, o caráter sistêmico e genuinamente interdisciplinar da proposta. Para viabilizá-las, portanto, houve a necessidade de se estabelecer parcerias com diversas instituições de ensino e pesquisa, nacionais e internacionais, sob a coordenação do IPEA.

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