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Análises espaciais em nível de setores censitários

 

A ampliação da escala geográfica de município (ou área mínima comparável) para setor censitário permitirá especificações e estimações mais rigorosas dos processos espaciais envolvidos nos modelos demográficos, econômicos, sociais e ambientais. Para se comparar as escalas geográficas referidas: em 1996, os setores censitários no Brasil são aproximadamente, 112 mil (sendo 58 mil rurais) enquanto os municípios são cerca de 5 mil (Apêndice I); os valores das áreas geográficas médias correspondentes são, aproximadamente, 76 km2 para setores censitários (147 km2 nos setores rurais) e 1700 km2 para os municípios.

É de se presumir, portanto, que a mensuração de conceitos como proximidade ou vizinhança seja mais precisa em nível de setor censitário. Conseqüentemente, os resultados obtidos serão mais detalhados e confiáveis com ganhos substanciais para a avaliação dos efeitos espaciais de políticas públicas.

A tarefa básica é construir bases de dados em nível de setor censitário do IBGE para todo o território brasileiro. Na execução dessa tarefa será dada prioridade à malha de setores censitários rurais do Censo Agropecuário de 1995/96 tendo em vista a importância dos fatores geográficos para as atividades agropecuárias e o próprio histórico de pesquisas do Nemesis. Para o futuro, essa tarefa será replicada para as malhas de setores censitários dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 e do Censo Agropecuário de 2006/2007 (realização prevista para 2007 e resultados esperados antes de 2009) sempre que possível de forma consistente com a malha utilizada em 1995/96.

Os temas prioritários para tabulação em nível de setor censitário são temperatura, precipitação, vegetação, relevo, hidrografia, solos, malha viária (em diversos momentos no tempo), entre outros temas georeferenciados que complementarão as bases de dados socioeconômicos já tabuladas nesse nível.

As áreas de pesquisa privilegiadas são a economia agrícola e meio ambiente, embora algumas potencialidades na área de economia urbana sejam exploradas. Destacam-se como linhas de pesquisa: os determinantes da produtividade agrícola no Brasil com atenção especial para a importância dos fatores geográficos, custos de transporte e acessibilidade a mercado e os desdobramentos dessa análise para questões específicas como os efeitos de mudanças climáticas globais sobre a produtividade, o preço e os usos da terra em atividades agropecuárias; e as causas e conseqüências do desflorestamento da Amazônia.

Dois projetos integram essa linha de pesquisa:

Projeto #14: Efeitos do aquecimento global na agricultura brasileira

Anderson, Reis e Feres tem por objetivo construir modelos econométricos dos fatores determinantes da produtividade, preços e usos da terra no Brasil para simular os efeitos de longo prazo – horizonte secular -- das mudanças climáticas globais nas atividades agropecuárias das diferentes regiões do país. A metodologia utilizada baseia-se nos modelos hedônicos (Mendelsohn et al. 1994, Sanghi et al. 1997, Timmins 2003) e de demanda derivada por fatores em funções de produção estocásticas (Kumbhakar and Tsionas 2006) que utilizam dados de cross-section espacial (usualmente, municípios) para estimar o efeito de variações no clima sobre preços e usos da terra controlando por variáveis socioeconômicas e geoecológicas.

A contribuição do projeto será estimar modelos com maior desagregação espacial e temporal (nesse caso utilizando painéis de áreas mínimas comparáveis para o período 1970-1996 e, futuramente, 2007) para obter estimativas mais rigorosas e detalhadas e que possam ser incorporadas aos modelos climáticos que tratam das interações entre vegetação e clima no Brasil, em particular, na Amazônia. Pretende-se, dessa forma, contribuir para os esforços de integração e síntese desenvolvidos no âmbito do LBA (Experimento de Larga Escala da Bacia Amazônica, MCT/NASA) no qual os proponentes são participantes.

 

Projeto #15: Estradas e desflorestamento da Amazônia

Pfaff, Robalino, Reis e Bohrer utilizam bases de dados em nível de setor censitário para explorar a questão das causas do desflorestamento da Amazônia brasileira e, mais especificamente, o papel desempenhado pelos investimentos na infra-estrutura rodoviária. Essa questão é objeto de acirradas controvérsias científicas e dos debates sobre políticas públicas na Amazônia brasileira, referindo-se em particular aos investimentos planejados pelo Programa Avança Brasil. (Reis e Margulis 1991, Reis e Guzman 1994, Reis 1996, Pfaff 1999, Laurance et al. 2001, Nepstad et al. 2002, Andersen et al. 2002, Weinhold e Reis 2005).

A base de dados do projeto inclui: (i) evolução histórica das rodovias obtidos dos mapas do DNER desde os anos setenta tabulada em nível de setor censitário por Robert Walker no Departamento de Geografia de Michigan State University; (ii) evolução do desflorestamento (juntamente com informações sobre solo, clima, distância, etc.) desde os anos setenta obtidos do Sistema de Informações Georeferenciadas da Amazônia Legal (SIG-AML do IBGE) e de imagens de satélite do projeto MODIS tabuladas em nível de setor censitário por Cláudio Bohrer no Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense. A disponibilidade futura do Censo de 2006/2007 e do processamento de imagens de satélite para anos recentes trarão contribuição significativa para essas análises.

O projeto especifica e estima um modelo econométrico logístico (grouped logit) da decisão de desflorestamento para desenvolver análise sistemática do impacto das estradas distinguindo a qualidade das estradas implantadas (pavimentadas e não pavimentadas); a abrangência espacial (localidades ou setores censitários onde se situa a estrada; localidades vizinhas e localidades remotas); e temporal da análise (modelos estáticos de um único período ou modelos dinâmicos onde vários períodos são considerados).

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